quinta-feira, maio 31

Matutinus

[Gustav Klimt. O Beijo]


Amanhece…
Dentro de mim essa ânsia de saber
Olho o céu, de um cálido azul, lembra-me a ele
E faz-me crescer.
Lá fora, gente perdida,
Rios de luz…
Sento-me ao canto, e fico contida
Vejo o infinito e parto para o abismo
Cai sobre mim, o pessimismo.
Mudam-se as cores da melancolia
Do branco vem preto e do preto, cinzento
Dá-me de ti a rebeldia
Dá-me de ti parte d’alento.
Fala-me da aurora, das luas cheias
Mostra-me a vida
Além das colmeias
Lá onde as abelhas fazem o mel
Com agitação nem um pouco de fel.

jf.

quarta-feira, maio 23

Transitum inanis

[Salvador Dalí. Metamorfosis de Narciso]



Vazio

Nada sou
Nada quero, meu mundo é nada
Sou feita de vazio
Que complementa meu fastio,
Rastejo, sem um pouco de pejo,
Meus olhos são água
Salgada água que não me adoça
Mergulho nela e nela me vejo
Entranha-se-me a raiva
E nela me ouço:

CHORO, GRITO, SOLUÇO

Pernas que tremem em desvario
Saudade
de ser menina do rio.
A água era doce, de um doce marfim
Agora é suja, sem um pouco de mim.



jf.